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Quão avançado está o Brasil na adoção de uma criptomoeda oficial

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Quão avançado está o Brasil na adoção de uma criptomoeda oficial

Marcelo Nakagawa, professor de inovação e tecnologia da Fundação Dom Cabral, contextualiza avanço da criptomoeda brasileira e desafios de sua ampla adoção


4 de maio de 2022 - 17h08

 

(Crédito: Chinnapong/Shutterstock)

Alguns países e cidades estão adotando criptomoedas, mais especificamente o Bitcoin, de forma oficial. A República Centro-Africana e El Salvador o fizeram nacionalmente e algumas cidades, como Ilha da Madeira, fizeram de forma regional. Segundo os órgãos públicos, a moeda digital empodera os cidadões.

No Brasil, o Banco Central trabalha no Real Digital. A iniciativa teve início após a ampla adoção do Pix. Cerca de 43 empresas apresentaram 47 propostas para o Real Digital, incluindo empresas da Alemanha, Estados Unidos, Israel, México, Portugal, Reino Unido e Suécia.

Marcelo Nakagawa, professor de inovação e tecnologia da Fundação Dom Cabral (Crédito: Edu Lopes/Imagem Paulista)

Ao Meio & Mensagem, Marcelo Nakagawa, professor de inovação e tecnologia da Fundação Dom Cabral, contextualiza avanço da criptomoeda brasileira e desafios de sua ampla adoção.

Meio & Mensagem – Vemos a adoção de criptomoedas oficiais em dois países já. Quão avançada está a implementação de uma criptomoeda oficial no Brasil?
Marcelo Nakagawa –
A criptomoeda brasileira está sendo liderada pelo banco central. A função do próprioMarcelo Nakagawa, professor de inovação e tecnologia da Fundação Dom Cabral, contextualizou o avanço dessas discussões no País e desafios da ampla adoção de uma criptomoeda nacional. presidente do Banco Central, que tem uma visão digital, tem uma política para a criptomoeda digital. A lógica do real digital é conviver com o real. Não é que vai ser substituído, como muitas vezes acontece com as criptomoedas. O real brasileiro tende a conviver com as soluções do Brasil, que se conecta com o pix, com a rede de bancos, com a rede de pagamentos e aí você vai ter um sistema só de segurança. É uma forma de convivência e de uma certa forma de você evoluir algo que não tem jeito — cada vez mais as moedas vão ser digitais — com as políticas públicas. É uma política pública bem vinda do que você ter várias moedas e ter essa interconexão entre as moedas.

M&M – Ela irá facilitar o câmbio?
Nakagawa –
Foi feito justamente para isso. Uma das lógicas do real digital é justamente para você ter mais agilidade em trocas internacionais. Então é para a moeda brasileira falar com o dólar e o euro digital. É muito mais vantajoso em termos de políticas públicas e para a população. Você tem que ter uma autoridade monetária, porque um dos riscos das criptomoedas é a empresa quebrar e a pessoa perder tudo, como já aconteceu em vários jogos. Então, faz muito mais sentido ter uma moeda nacional do que ter moedas regionais ou municipais e acho que o Brasil está indo no caminho certo de lógica monetária.

M&M – As criptomoedas são amplamente conhecidas no Brasil para adotar esse formato no País?
Nakagawa –
Há alguns recortes. No passado, você tinha aquelas moedas sociais, que existiam em comunidades, porque não tinham condições de rodar moedas oficiais. Então você tinha uma versão não cripto, muito pontual, que são as moedas sociais. Quando pensamos nas lógicas específicas agora, você cai no desafio de criar intercambialidade e aí você vai precisar ter outro negócio que é uma corretora que vai fazer o deparo. Começa a ficar muito mais difícil ter lógicas de negócios.

M&M – Acompanhando esses exemplos que já adotaram, o que você vê de desafio e benefício?
Nakagawa –
Temos a questão da adoção porque ela está sempre associada a bitcoin é algo que você não consegue tocar. Há uma dificuldade grande de adoção, de segurança e de intercambiabilidade dessas moedas para falar com os outros ecossistemas financeiros.

M&M – Qual é o impacto das criptomoedas na comunicação?
Nakagawa –
Quando você olha a comunicação sendo cada vez mais distribuída e remunerada pelo acesso ou pelo uso, você vai precisar de alguma lógica monetária para isso. As grandes plataformas hoje dominam e você fica muito concentrado ou no YouTube, ou no Instagram. O fato de você ter uma moeda que consiga fluir e conversar por diferentes contextos faz muito mais sentido. O desafio é como você cria isso no sentido de ser uma cripto verdadeira, porque se não você volta para o modelo anterior que é centralizado. Cada vez mais vamos precisar de mais necessidade de criptos que fale entre os anunciantes e a economia dos criadores, mas cada vez você vai brigar com moedas físicas, moedas físicas que se tornam digitais e micro variações de criptomoedas. Por isso talvez o maior negócio hoje são os players corretores.

M&M – Por que é importante ter uma moeda nacional oficial?
Nakagawa –
Faz muito mais sentido ter uma moeda oficial. Boa parte das criptomoedas estão na economia submersa. E essas transações submersas não querem aparecer na moeda local. Elas vão continuar sendo via cripto. Cada vez mais teremos essa submersão para não pagar imposto. A transação vai ser feita por smart contract e o pagamento via cripto. Como essas operações são feitas via blockchain, você não consegue rastrear a não ser que você tenha blockchains intercambiáveis com autoridade por trás disso. O desafio é criar uma moeda digital que seja amplamente usada a ponto que as pessoas vão querer usar ela, mas a operação submersa sempre vai existir e com a lógica digital ela vai ser mais facilitada. Antigamente você tinha que levar o dólar na cueca, agora você manda blockchain de um lado para outro. Além disso, você tem o desafio das empresas em aprender a lidar com tudo isso. Nós estamos falando de micro-transações, transações muito específicas, políticas públicas, mas as empresas têm que aprender a lidar com isso também. A multinacional precisa ter um grupo de estudo para entender como você faz pagamentos via criptomoedas por dentro porque o custo é menor e a agilidade é maior.

M&M – Como os bancos tradicionais estão lidando com esse processo?
Nakagawa –
Todos os principais bancos estão se movimentando em direção a isso. Itaú e Bradesco se juntaram em uma plataforma chamada Corda. Eles estão tentando criar entre os bancos do mundo um padrão blockchain, que pode se chocar ou se integrar com o blockchain nacional.

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